A Rússia anda a espiar a Suécia e os países nórdicos e do Báltico reuniram-se de emergência na Gotlândia
"Estamos a encontrar antenas e mastros que, normalmente, não pertencem, por exemplo, a navios de pesca, pelo que é evidente que existem outros objetivos associados às suas atividades em termos de movimentação no mar", disse a chefe da Marinha sueca, Ewa Skoog Haslum, aos meios de comunicação locais.
Navios russos a operar fora do espaço marítimo nacional não são novidade, ainda menos quando navegam pelo Mar Báltico, sobretudo desde o início da guerra com a Ucrânia. Estima-se que a Rússia detém 1.400 destes petroleiros em todo o mundo, que navegam fora do limite das 12 milhas náuticas, que delimita as águas territoriais de um país. Agora os petroleiros foram detetados ao largo da costa oriental da ilha sueca Gotlândia, ameaçando a Suécia, que é o mais recente Estado-membro da NATO.
Para a Marinha sueca, a frota parece ser de espionagem, uma vez que estão equipados com comunicações que não são exigidas a este tipo de navios.
"Sentimos que há objetivos adicionais nas suas atividades", admitiu o almirante Skoog Haslum, que fala em “operações híbridas”.
A par da ameaça à segurança sueca, existe o perigo de um desastre ambiental. Os navios sombra são tipicamente usados pela Rússia para fazer perigosas transferências de petróleo entre navios. Esta é a forma encontrada por Moscovo para contornar as sanções económicas impostas pelo Ocidente, que proibiu “a aquisição, importação ou transferência de petróleo bruto transportado por mar e de determinados produtos petrolíferos da Rússia para a União Europeia”.
O cenário de ameaça ambiental é agravado pelas condições dos petroleiros. São frágeis e envelhecidos, estão em mau estado de conservação e não têm seguro. Além disso, estes navios sombra mudam frequentemente o registo da bandeira.
O assunto está agora a preocupar o Governo sueco, que tem vindo a pressionar a Comissão Europeia para que inclua medidas contra os navios na sua próxima ronda de sanções. "Todos seremos afetados se houver um problema grave resultante de uma colisão ou de uma fuga de petróleo de um destes navios, que também, em muitos casos, não estão em condições de navegar, ou estão muito perto de não estarem em condições de navegar", avisou, citado pelo Guardian, este mês.
Entretanto, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos oito países do grupo nórdico-báltico reuniram-se na Gotlândia no início deste mês para discutir a forma de combater a frota russa.
Esta não é a primeira vez que o Kremlin utiliza ilegalmente embarcações civis para fins de espionagem. Os petroleiros russos estiveram durante anos em águas norueguesas.
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